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Google dá ‘salto’ na inteligência artificial

15 de maio de 2018 / Tecnologia / por Comunicação Krypton BPO

Ligação feita por robô que espantou o mundo na última semana é só um sinal de como a empresa vai usar a tecnologia para recriar seus negócios

O telefone toca e alguém atende. “Alô”, diz com cautela a voz masculina ligando para um restaurante. “Olá, hum, eu queria reservar uma mesa na sexta, dia 3.” A atendente pede um momento. A voz do outro lado hesita por um segundo e solta um “uhum”. Em menos de um minuto, num diálogo aparentemente banal, a atendente faz a reserva para um homem chamado Daniel. Mas não foi Daniel quem ligou. Foi seu assistente – ou melhor, seu robô virtual.

Parece ficção científica, mas a ligação aconteceu e sua gravação foi exibida pelo Google na abertura de sua conferência anual de desenvolvedores, a Google I/O, em Mountain View (EUA), nesta semana. O áudio, produzido por um sistema chamado Google Duplex, deixou os 7,2 mil participantes – e quem via o evento pela internet – de boca aberta.

Foi um vislumbre do plano ambicioso em inteligência artificial (IA) que pode ajudar a companhia a impulsionar seus atuais e novos negócios nos próximos anos. “Se feito corretamente, o Duplex vai fazer as pessoas economizarem tempo e gerar muito valor para empresas”, disse o presidente executivo do Google, Sundar Pichai, no evento.

Fazer robôs conversarem com humanos sem que esses percebam qualquer diferença é uma conquista perseguida no campo da IA desde que o “pai” das ciências da computação, o matemático britânico Alan Turing, criou o chamado Teste de Turing, na década de 50. O teste determina que uma máquina é inteligente se conseguir passar despercebida numa conversa com humanos. Até hoje, só um robô superou o desafio: Eugene Goostman, um programa criado por dois pesquisadores – um russo e outro ucraniano – que simula um garoto de 13 anos e funciona via mensagens de texto.

O Google Duplex, que ainda está em testes, não foi auditado externamente, mas especialistas dizem que ele conseguiu o feito. “Em agendamentos, o sistema passou no Teste de Turing”, disse John Hennessy, ex-presidente da Universidade de Stanford e membro do conselho da Alphabet – holding que controla o Google – numa palestra durante o Google I/O.

Pablo Cerdeira, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio), concorda, mas faz ressalvas sobre o futuro uso habitual da plataforma. “Não vi ninguém alertar a atendente de que era um robô. Será que é justo ou necessário que a gente fale com robôs sem perceber?”

Ao Estado, o vice-presidente de engenharia do Google Assistant, Scott Huffman, disse que a empresa ainda não se decidiu sobre isso. “Vamos fazer testes nos próximos meses”, afirmou (ler entrevista abaixo). “Queremos saber de quanta informação as pessoas precisam para ficarem confortáveis em falar com um robô, sem querer desligar o telefone.”

Velocidade. Mas os esforços do Google em IA não se resumem ao Duplex. A empresa mostrou que já integrou a tecnologia em diversos serviços – do aplicativo de fotos, passando pelos mapas e finalmente na nova versão do sistema operacional Android, chamada de P. Ainda em testes, o sistema vai analisar os hábitos de utilização do smartphone e sugerir mudanças para evitar uso excessivo de tecnologia.

A companhia também fez apostas complexas, como mostrar que está usando IA para ajudar a diagnosticar doenças cardiovasculares e diabetes, e prever a probabilidade de um paciente voltar a ser internado após tratamentos, como mostra um artigo com resultados de pesquisas com universidades dos EUA, publicado nesta semana na revista científica Nature.

Enquanto algumas das inovações têm a meta de melhorar a experiência e manter as pessoas usando os serviços e vendo anúncios do Google, outros indicam que a empresa pode estar tentando encontrar novas formas de ganhar dinheiro no futuro. Hoje, de acordo com o balanço financeiro da Alphabet, 86% da receita obtida em 2017 pela empresa veio de anúncios.

“A inteligência artificial está no centro da estratégia do Google e não é crítica só para a publicidade digital”, afirma o vice-presidente de pesquisas da consultoria Gartner, Mark Hurd. “Não é um exagero dizer que a IA vai sustentar todo o ecossistema de tecnologia, de semicondutores a aplicativos, na próxima década.”

Apostas. Três iniciativas do Google têm potencial para trazer receita nova. O próprio Google Assistant, ao intermediar compras, pode gerar valores recorrentes à companhia – nesta semana, por exemplo, a empresa anunciou uma função que permite ao usuário encomendar um café na Starbucks.

Outro segmento é o de carros autônomos. A Waymo, também controlada pela Alphabet, é a única a operar testes comerciais nos EUA. Até o fim do ano, a empresa espera oferecer um serviço similar ao Uber, mas com veículos sem motorista, na cidade de Phoenix.

Há ainda a lucrativa proposta de “alugar” infraestrutura para que empresas processem aplicações de IA e usem tecnologia criada pelo Google e parceiros. “A IA é necessária para fazer reconhecimento de voz e diagnósticos e essas aplicações precisam de um hardware especial”, diz Fernando Osório, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação da USP São Carlos.

O Google também lançou um kit para que desenvolvedores possam incorporar aprendizado de máquina em seus apps. Isso vai permitir que recursos como reconhecimento de texto, detecção de faces e escaneamento de códigos virem padrão no mercado. Se der certo, talvez, num futuro não tão distante, falar ao telefone com um robô não cause tanto espanto.

Fonte: Link Estadão

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