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Mercado de trabalho se atenta para a importância da diversidade

Mercado de trabalho se atenta para a importância da diversidade

23 de setembro de 2020 / Consultoria / por Comunicação Krypton BPO

A pandemia exige do mercado uma resposta rápida para a recuperação e dados apontam que a diversidade será necessária para isso acontecer

Há 131 anos os negros são considerados “livres” no Brasil. No entanto, após 300 anos de escravidão, a população negra continua sofrendo consequências do racismo estrutural.

A abolição da escravidão, sendo o Brasil o último país da América Latina a fazer isso, não aplicou estratégias para a inclusão dessa população à sociedade.

Sem oportunidades de acesso à educação, moradia e forma de sustento digna, foram marginalizados e submetidos à perpetuação da desigualdade social.

As consequências disso foram reveladas por pesquisas realizadas pelo Grupo Croma, que mostrou que um em cada cinco consumidores admitem já terem tido alguma atitude racista e que 56% acreditam que as empresas têm preconceito ao contratar negros.

No entanto, 70% das pessoas entrevistadas desejam que exista  mais diversidade nas imagens das marcas e empresas – o que também é visto como uma importante questão de representatividade, já que dessa forma, passam a se perceber como parte da sociedade, elevando sua autoestima e sua coragem em ingressar no mercado de trabalho.

De acordo com os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os trabalhadores negros enfrentam mais dificuldade de encontrar um emprego se comparados a trabalhadores brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação – e,  quando trabalham, recebem salário até 31% menor do que os brancos que ocupam o mesmo cargo.

“Os negros representam mais de 55% da população brasileira, mas ocupam apenas 5% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país”, diz Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global.

A falta de profissionais negros e negras capacitados para o mercado foi utilizado como justificativa das empresas para não contratarem esse público durante muitos anos. No entanto, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nas universidades públicas, os jovens negros e negras já são maioria.

Os dados do Censo de Educação Superior, do Ministério da Educação indicam que nos cursos de excelência há uma presença expressiva. Em medicina, por exemplo, os negros são em 27%. Na área de química, são 29%, e direito em 23%. Então, o que falta para que alcancem cargos de alta liderança?

A desqualificação dos oprimidos é recurso histórico para racionalizar e consolidar a exploração. Porém, o Brasil é o país com a maior população negra fora da África e graças à expansão do acesso à internet, suas necessidades e direitos têm alcançado visibilidade.

De acordo com pesquisas da Google Brasil, a inclusão dos pretos e pardos no mercado de trabalho é o tema mais urgente para a população negra e agora cabe às empresas colaborar para que haja essa reparação histórica.

Um dos pontos importantes é qualificar os negros que já componham o quadro de funcionários atual e investir em reestruturações da cultura organizacional para que o ambiente seja livre de preconceitos e estimule a participação ativa dos talentos negros da organização.

Por outro lado, ampliar as oportunidades para que os pretos e pardos ingressem nas empresas também precisam se tornar uma nova realidade.

Diversidade: além de justiça social, uma questão de sobrevivência para os negócios

O tema da diversidade e inclusão, já vinha sendo debatido com frequência dentro das empresas. Com a pandemia, a pauta se tornou ainda mais urgente.

O levantamento de diversas entidades, como a Organização Internacional do Trabalho e o IBGE, aponta que homens e mulheres negros, historicamente mais afetados pelas crises econômicas, serão novamente os mais vulneráveis no momento atual no Brasil.

A pandemia exige do mercado uma resposta rápida para a recuperação econômica e, felizmente, os dados apontam que para que isso aconteça a diversidade dentro das empresas precisa existir.

Times diversos promovem ambientes corporativos mais criativos, mais inteligentes, mais engajados, mais inovadores e por consequência, melhores experiências para os consumidores finais e melhores resultados para os negócios. É o que revela o estudo Diversity wins: How inclusion matters”, da McKinsey.

O estudo, que percorreu 12 países e ouviu mais de 1.000 empresas, constatou que as companhias que possuem diversidade étnica racial na alta liderança têm 33% mais propensão à lucratividade. Já aquelas que têm diversidade de gênero têm de 22% a 23% mais chances de serem lucrativas. Isso acontece por diversos fatores, desde maior confiança e prestígio dos consumidores até a formação de um time mais forte e unido com todas as habilidades necessárias para despontar no mercado.

A boa notícia é que algumas empresas importantes estão promovendo processos seletivos específicos para negros, ou com porcentagens das vagas direcionadas apenas aos profissionais negros e negras. Confira quais são elas:

Bayer, Basf, Braskem, BRK Ambiental, Burguer King, B3, Pepsico, P&G, Santander, Suzano, Vale e Vivo. Em breve mais duas abrirão processos: Nestlé e Unilever.

Como os pretos e pardos podem se se preparar para o mercado de trabalho?

Idealizado e coordenado pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e com realização do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas), o encontro virtual gratuito #Afropresenca vai acontecer nos dias 30 de setembro e 1 e 2 de outubro deste ano.

O objetivo do projeto, que tem apoio do Ministério Público do Trabalho, da ONU e de empresas privadas e consultorias de RH, como  o Grupo Cia de Talentos e muitas outras que atuam com processos seletivos para jovens universitários, é a inclusão de jovens negros e  negras que estão atualmente no ensino superior, no mercado de trabalho.

Pensando em reverter o quadro de desigualdade, o encontro vai oferecer oficinas de recursos humanos, painéis com empresas, agências de publicidade, universidades e escritórios de advocacia e debates aos participantes. Os participantes do projeto também vão poder compartilhar seus currículos e acessar vagas de trabalho.

Racismo estrutural empresarial, escolha profissional, autoconhecimento, mitos e verdades em processos seletivos, dicas para utilizar o Linkedin, LGBTQ+ sob a perspectiva negra são alguns dos temas que serão abordados no evento.

Além dos temas, também serão trabalhados debates e informações sobre áreas de atuação, como: jornalismo, marketing, economia, farmácia, advocacia, turismo, moda, gastronomia, mercado de luxo, indústria química, medicina, agronegócio, indústria automobilística, veterinária, arquitetura e engenharia.

Fonte: Exame

Imagem: Yanalya – Freepik.com

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